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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

MEU "CAMARADA" SUJISMUNDO.

Desde os tempos de menino que escuto falar: Lugar de lixo é no lixo... E sabe quem reforçou essa idéia no meu juízo (que por sinal - na época - era quase nenhum...) foi o meu camarada SUJISMUNDO! Digo “meu camarada” porque sempre o percebi assim... E quer saber? Eu confesso: Sentia um profundo carinho por ele. E acredito que outras crianças da época também sentiram a mesma coisa que eu. O SUJISMUNDO tornou-se um ícone nacional e sua popularidade quase pôs em risco a eficácia da campanha educativa: “POVO DESENVOLVIDO É POVO LIMPO”. Chegou-se a pensar que sua fama poderia incentivar a sujeira em vez de combatê-la. A tal campanha promovida pelo Governo Federal em tempos de ditadura foi a coisa mais "engraçadinha” que fizeram. Os “Generais” nunca imaginaram que um sujeito “politicamente incorreto” como aquele, fosse agradar tanto. E principalmente ser chamado de “camarada” pelas criancinhas... Acho que foi por isso que a campanha saiu do ar. Agradou demais “o povo”... E a possibilidade de qualquer semelhança com o “subversivo” não era mera coincidência para eles. Saudades do meu CAMARADA Sujismundo!!!!

O Sujismundo Foi criado pelo animador e quadrinista Ruy Perotti Barbosa e apareceu em comerciais produzidos entre 1971 e 1972. O Sujismundo era um sujeito desligadão mes-mo... Não respeitava ninguém e muito menos as regras. Jogava tudo quanto era coisa na calçada, no chão do escritório, na areia da praia... Enfim, um transgressor da limpeza pública e da higiene corporal. Sua “careca” vivia rodeada por mosquitos devido ao mau cheiro que emanava de seu corpo. Ele era assim mesmo, pouco se importando com o asseio pessoal. Eu achava o Sujismundo o máximo. E toda vez que tocava sua musiquinha nos intervalos da TV, eu corria para vê-lo. Cheguei a decorar a fala do narrador que contava suas aventuras na praia, no escritório, na rua...

A propaganda dele na praia dizia mais ou menos assim:

“Domingo de sol. Lá vai Sujismundo com a família em direção à praia. Nosso amigo continua o mesmo, deixando por onde passa a mancha de sua presença. A praia, o sol, o mar, muita gente. Sujismundo adora se cobrir de areia e começa a cavar. Faz o que quer, não respeitando ninguém. Madame Sujismundo já tomou o seu banho e não encontra o marido na hora de voltar para casa. Ora madame, não se preocupe. Depois de esparramar tanto lixo ele só pode estar aí. Aprenda Sujismundo: Povo desenvolvido é povo limpo”.

E a do escritório:
“Eis de novo o Sujismundo. Esta vez chegando ao escritório para mais um dia de trabalho. Sujismundo está longe de ser um exemplo de limpeza. Não se importa com o bem-estar dos companheiros. Tapete, móveis e paredes não merecem o cuidado do Sujismundo. Se alguma coisa se torna inútil, ele joga fora, caia onde cair. Êpa! Seria bom que Sujismundo se preocupasse, pelo menos, com isso. Felizmente Sujismundo não perdeu o emprego. Mas vejam só o vexame que lhe impôs o diretor. Quando irá nosso amigo aprender que povo desenvolvido é povo limpo?.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

OS CADERNOS DE RECEITAS DA MINHA TIA MARIA.

Os Cadernos de Receitas - da minha tia Maria Sousa Lima - são para mim relíquias de família. Eles são os guardiões dos cheiros e dos sabores da minha infância. São testemunhos vivos de um passado culinário que permanecerá para sempre em minha memória. A lembrança de alguns pratos ainda me fazem salivar...E dá até para sentir o cheiro, pode?
Minha tia foi educada em colégio interno comandado por freiras “nervosas” e severas. E as alunas – em plena década de 50 – eram preparadas para serem “Amélias do Lar”, pois além das declinações do latim, o que se ensinava na época era: “Lugar de mulher é na cozinha! Fazendo comidinha para engordar o maridinho e os filhos...” Essa lição eu acho que ela não aprendeu direito. E se aprendeu, foi pela metade. Pois continua solteira até hoje. No entanto na culinária... Ah! Ela engordou todos os sobrinhos com suas receitas maravilhosas meu bem...
Todas as receitas eram escritas à mão com canetas tinteiro. Depois ela ilustrava as páginas do caderno com figuras dos “pratos já prontos” recortadas de revistas. Tia Maria era tão caprichosa que ao copiar uma receita, ela colocava ao lado a procedência e/ou nome da pessoa que a repassou. Tipo: “Esta receita de Arroz Doce quem me deu foi Carminha Meira em 21 de maio de 1953...” O engraçado é que ela também inventava receitas e dava o nome de algum artista da época: “Rocambole a la Wanderléia”; "Pudim de Ameixa a la Sérgio Cardoso”... Hoje as páginas dos seus Cadernos de Receitas amarelaram com o tempo, os segredinhos culinários foram desvendados e as marcas de gordura nas folhas do caderno já sinalizam o correr dos anos... No entanto, a Torta de Abacaxi; o bombocado; o pão-de-ló; o bolo de massa de araruta; o bolo engorda marido; a torta folhada; os canudinhos; o Pudim a la Sérgio Cardoso... Nunca envelhecerão com o tempo. Tudo isso estará eternizado em minha mente e em meu coração.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A DORMINHOCA DA MINHA IRMÃ...

Caríssimos e Caríssimas! A tal da DORMINHOCA foi a coisa mais “trash” que surgiu nos anos 70. E para meu total desespero, minha irmã mais velha tinha uma. E a bendita boneca ficava deitada de bruços em cima da cama dela... E o que é pior, sem combinar em nada com "as colchas de chenille verde-hospital e/ou azul-turquesa" que sempre forraram seu leito de dormir (perdão maninha, mas seu passado também foi “trash”...) Enfim, pensem numa boneca bizarra, “medonha” mês-mo... Possuía cabeça, mãos e pés de borracha. O restante do corpo era de veludo com enchimento de restos e/ou retalhos de pano. E os olhos dela? Piscavam mais que os olhos de “retróz” da Emília. Isso sem falar no “fecho-éclair enooorme” nas costas da boneca. Hoje posso afirmar com absoluta certeza: A mãe do CHUCKY era a BONECA DORMINHOCA da minha irmã! Geeente... Eu morria de medo da cara daquela boneca. Existia algo de sinistro nela. Sei lá... Era como se ela quisesse me dizer algo com o olhar, tipo assim: EU JÁ MORRI TÁ! Sério, essa boneca parecia uma defuntinha em sua mortalha aveludada. Juro que não compreendo - até hoje - o amor que minha irmã nutria por aquele amontoado de panos com cara de boneca do além. Cansei de avisar meus pais que aquela dorminhoca era “O Bebe de Rosemary” disfarçado. Mas ninguém me dava ouvidos... Eu e meu irmão odiávamos aquele “ser esquisito”. E por diversas vezes planejei dar um fim naquela boneca. Primeiro pensei em fazer uma sessão de exorcismo com ela, e caso não desse certo, poderia afogá-la num balde de água benta e horas depois jogá-la dentro da cisterna. Daí era só fechar a tampa e pronto. Mas desisti... Seria imediatamente descoberto. Então como planejar o assassinato de uma boneca “possuída”, e ainda por cima, semi-morta? Pensei até em trancá-la no banheiro para ser estraçalhada por uma legião de dobermans raivosos... E por fim, achei uma solução bastante fácil: Enterrar de-fi-ni-ti-va-men-te a dorminhoca semi-morta e "malassombrada" da minha irmã. Mas para isso eu precisaria de um cúmplice. Escolhi meu irmão Camilo... Mas pra que? O coitado do meu irmão tinha um coração mole demais e acabou ficando com pena da “esquisitinha”. Daí o plano todo vazou... Minha mãe ficou sabendo do bonequicídio; meu pai me deu uma “linda” surra; minha irmã me amaldiçoou pro resto dos meus dias e quase fui deserdado em vida por causa daquela boneca surreal e demoníaca. Em resumo, tive que conviver com ela por anos e anos. Mas para alguma coisa aquela boneca serviu: A cama de minha irmã - coberta com a tal colcha de chenille verde-hospital - nunca ficou desforrada meu bem... E quem se atrevia a brincar em cima de uma cama com um “monstrinho” daqueles por perto? Eu é que não ia me arriscar...
Agora me respondam com sinceridade: Estava ou não estava morta? Olhem bem para a carinha dela... Sinceramente! E a touquinha esquisita cobrindo a cabeça dela? Cruz-Credo...