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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

MEU AMIGO TOPO GIGIO !

O ratinho mais simpático e politicamente correto que conheci. De origem italiana, o caríssimo e meigo ratinho possuía orelhas enormes, dois dentinhos, bigodinho e bochechinhas ruborizadas. O danado do Topo Gigio virou uma febre junto à criançada na década de 70 e em pouco tempo se espalhou pelo Brasil inteiro.

Eu e meus irmãos adorávamos seu sotaquezinho italiano. Nós tínhamos cadernos, lancheiras e bolsas escolares. Tudo com a cara do TOPO GIGIO... Escrevíamos cartinhas para ele, cantávamos suas musicas e sonhávamos um dia encontrá-lo.

Durante o programa ele se balançava todinho, jogava uma perninha pra cá, a outra perninha pra lá. Fazia caras e bocas e soltava beijinhos... Enfim, Vivia dando PINTA !!! Como assim? Você também é um daqueles que ainda acha que o Topo Gigio não dava PINTA!!!! Claro que dava.... Somente as crianças "bobas" não percebiam ( eu e meus irmãos sabíamos de tuuuuudo). E por acaso aquele remelexo todo era o que? Golpes mortais de Taekwond e Kung fu ? Me poupem.... Definitivamente Caríssimos! O Topo Gigio foi o primeiro ícone gay de muitas crianças da época: Assumidíssimo! E ele não tava nem aí.... Até de Chapeuzinho Vermelho ele se travestia. Enfim, uma Drag Mirim!

Adorava fazer charminho, ensinando a criançada a escovar os dentes, obedecer a pais e mestres, limpar bem as orelhas e rezar antes de dormir. No finalzinho de tudo, pedia "beijinhos de boa noite".

Era um barato quando ele e o Agildo Ribeiro cantavam: "Meu limão meu limoeiro" (ainda tenho o disquinho dele). Impossível não lembrar da sonoridade de sua voz.

Mas de repente ele sumiu. Dizem que a culpa foi do "Pasquim" e de alguns humoristas da época que o tacharam de gay. Na verdade, ele fez tanto "remelexo" que a mídia duvidou de sua masculinidade, chegando a insinuar um possível caso de amor entre ele e o Agildo Ribeiro. Depois de tanto falatório, resolveram trazer "a futura namoradinha do Brasil", Regina Duarte, para apresentar o programa junto com Agildo Ribeiro. E para completar o disfarse, arranjaram uma namorada para ele... O nome dela era Rose. Foi pior! O "pasquim" começou a dizer que ele agora era bissexual.  Quanto preconceito não? Fico imaginando hoje o Topo Gigio de Drag Queen dublando a Mafalda Minnozzi...(rs!!). Certamente arrasaria do mesmo jeito! Lembro ainda que engoli o choro quando - no último episódio - ele foi embora com uma trouxinha no ombro, olhando pra traz e acenando para nós. Até hoje tenho guardado o boneco do Topo Gigio que ganhei de Neide, prima da minha mãe:


Esta é uma catrevagem que não tem preço : Guardo esse boneco com muito carinho...

Os disquinhos do Topo Gigio fizeram um sucesso enorme junto a criançada... Quem nunca cantou "Meu limão meu limoeiro" imitando o saudoso ratinho.

Molti perdere il mio amico TOPO GIGIO. Spero che un giorno troverete molto felice e luminosa di nuovo dalla fase della vita. Un limone e un bacio per voi ...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

QUE BICHO-PAPÃO QUE NADA!! EU TINHA MEDO MESMO ERA DO PAPA-FIGO.

Sempre escutei falar que Bicho-Papão era um "monstro horroroso" e que tal "criatura abominável" se escondia no quarto de todas as crianças desobedientes... Dentro do guarda-roupa, das gavetas e principalmente debaixo da cama para assustá-las no meio da noite. E mais ainda, caso as crianças continuassem mal educadas seriam colocadas dentro de um saco para se fazer sabão delas (medonho isso! Logo sabão... nunca entendi o porquê). Na verdade, eu não tinha tanto medo assim do Bicho-Papão. Tinha medo mesmo era do Papa-Figo (cruzcredocruzcredo!!!)....

Segundo meu avô Albino, o Papa-Figo era um velho esquisito que carregava um saco enorme nas costas e sofria de uma doença raríssima e sem cura. O sintoma dessa doença seria o crescimento anormal e contínuo de suas orelhas. E o pior de tudo, para que as orelhas parassem de crescer, o Papa-Figo precisava comer o fígado de uma criança (e eu sempre achava que seria o meu). Esclarecendo que na época, eu nem sabia que tipo de órgão era o "figo", mas tudo bem. Já era suficientemente pavoroso pra mim saber que tinha "um" dentro do "meu bucho" e que seria arrancado (rs!). Após a extração do fígado, o "véio do ureião" costumava deixar junto da vítima uma grande quantia em dinheiro, que era para o enterro e também para compensar a família. Não sei porque, mas sempre achei que seu Zé Costa Grande, o bicheiro amigo de meu avô e pai de Tonho (amigo de infância) era um Papa-Figo. Acho que era por isso que eu e meu irmão fomos tão amigos de Tonho ( pois eu ainda acho que não se come o "figo" dos amigos do filho de um papa-figo, creia!). Bom, mas não era somente o Bicho–Papão e o Papa-Figo que me metiam medo. Tinha também, a besta-fera, mula-sem-cabeça, saci-pererê (minha irmã que tinha medo. Eu não! Queria era ser amigo dele, isso sim!), cuca, a mulher da meia noite, lobisomem, boi da cara-preta, perna cabeluda entre tantos... E finalmente, tive muito medo dos insanos e/ou inocentes a quem adultos, pais e/ou responsáveis se utilizaram (na época) para amedrontar não somente a mim, mas a todas as crianças de minha terra quando infringiam ordens, diretrizes ou conselhos dos mais velhos, tipo: "Vai entrar não né?, lá vem Dasdores doida pra te pegar..." ( por falar nisso, levei muita "carreira" dela) ; "É pra comer tudo viu, se não vou chamar João Prancha já, já...pra comer com você"; "Cooooorre Dhotta, coooorre... Lá vem Vilani doida atrás de tu..." (e como eu corria!). Lembro com carinho de todas essas pessoas de minha terra que hoje são lendas e que se fizeram "monstros engraçados" na boca dos adultos e na inquietude dos meus (nossos) medos infantis.