Era um utensílio doméstico de grande utilidade para quem morava na zona rural e cidades interioranas. E creiam! Ter um penico no quarto - nos meus tempos de menino - era como ter uma chaleira, um bule ou uma panela na cozinha.... (Dhooootta! Que comparação medonha é essa?) Mas é verdade! Por acaso vocês pensam que banheiro dentro de casa era algo comum nas casas e sítios das décadas de 50,60 e 70? Era comum somente nos grandes centros urbanos. Nós atendíamos nossas “necessidades fisiobiológicas” (isso mesmo que você esta pensando agora, foi exatamente o que eu quis dizer tá!... Tendeu, né?) nas “casinhas” que ficavam no quintal (terreiro, muro...) fora da casa. Portanto, caríssimos e caríssimas, se um banheiro dentro de casa era raro, imagina um quarto com suíte? Nem pensar... Na verdade, sabe qual era a nossa suíte naquele tempo? Ah!!! Sabe não? Era um PENICO debaixo da cama, meu bem!
Saibam que na maioria das casas interioranas, o penico era uma tradição familiar, era moda mês-mo... Tinha sempre um ou mais membros desfrutando dos serviços penicais. Na minha casa, por exemplo, o uso do penico era algo transgeracional : filhos, pais e avós possuíam seus penicos. Eu e meus irmãos (quando crianças) tínhamos nosso peniquinho de plástico. Só a minha irmã mais nova é que tinha um “troninho”. Lembro que o da minha irmã mais velha era rosa (Juro! Dessa vez ela me mata!),do meu irmão era azul e o meu era verde. Agora o penico mais lindo do mundo era o da avó de um colega meu de infância. Era de porcelana e todo trabalhado. Quando ela morreu, virou um lindo vaso de flores, exposto em cima da cisterna da casa da mãe dele.
E para finalizar minhas memórias penicais - ainda quando criança – Eu e Alcides de seu Joaquim Gomes achamos um penico velho de ágata, todo enferrujado, em um “munturo” (terreno baldio) perto de umas pedras que ficavam atrás da casa da minha avó materna. Daí tivemos a brilhante idéia de usar o tal penico abandonado como alvo para as nossas pontarias de “balieiras” ( badoques). Colocamos o penico no topo das pedras e começamos a atirar com gosto... Enfim, destruímos o pobre do penico abandonado. No outro dia descobrimos que o referido penico não era tão abandonado assim, e que apesar de velho e enferrujado, ainda tinha um dono. Só ficamos sabendo disso quando minha avó veio brigar conosco: “Que serviço danado foi aquele que vocês fizeram no URINOL de Dona Severina Tenga?” Em resumo, levei uma surra para aprender a não mais brincar com o penico dos outros... Eita tempo bom! E quantas saudades do penico enferrujado de Dona Severina Tenga.