Não espere a mamãe mandar
Um bom sono pra você
E um alegre despertar..."
Quem tem menos de quarenta anos não vai acreditar, mas houve um tempo, não muito distante, em que as criancinhas iam mesmo para a cama após ouvir essa musiquinha. Verdade! Essa musiquinha, durante mais de uma década, marcou o encerramento da programação infantil na saudosa TV Tupi. Funcionava como um sinal para as crianças se retirarem da sala e irem dormir. E, lógico! As mães da época adoraram o jingle! O comercial só passava uma única vez, à noite, e era exibido exatamente às 21h00min. Portanto, acreditem: Nas décadas de 60/70 nenhuma criança ia dormir sem antes assistir ao comercial dos Cobertores Parahyba. Nos dias de hoje, ao verem este comercial, a criançada vai achá-lo tão ingênuo quanto à idéia de dormir antes das 22h00min...
O filminho (desenho animado) foi produzido por César Mêmolo, pioneiro em desenhos animados de publicidade. Exibia um pai diante da TV olhando para seu relógio de pulso. Em outra cena, o “menininho” símbolo da marca – juntamente com seus dois irmãos – aparecia vestido de pijama, gorro na cabeça e com uma vela na mão, seguia em direção ao quarto. Então ele recebia um beijo de boa noite e ia com sua velinha até a cama, ao som da famosa musiquinha... Tudo tão bobinho! Mas tão bonitinho, né não? (vejam o vídeo logo mais a baixo).
O saudoso Comercial dos Cobertores Parahyba foi veiculado entre os anos 1960 e 1975. E é tido como uma das campanhas publicitárias mais lembradas do século 20 no Brasil.
Fiquei sabendo que essa “musiquinha” é bem anterior ao Comercial dos Cobertores Parahyba. Ela já existia nos anos 50 com a figura “inanimada” do indiozinho da TV Tupi dormindo (ainda não existia o videotape, tá!). Dizem que nos primórdios da televisão brasileira - década de 50 na TV Tupi - os telespectadores começaram a reclamar sobre o impacto que o “novo” veículo de comunicação exercia junto às famílias. Alegando que os filhos só iam pra cama ao final da programação, ou seja, depois das 22:00 horas.
Pensando nisso, e para não deixar o público insatisfeito, a Rede Tupi encomendou um jingle para ser tocado todos os dias - às nove da noite - quando exibia na tela dos televisores um desenho: Seu símbolo, o simpático indiozinho, que aparecia dormindo. Somente na década de 60 é que a indústria dos Cobertores Parahyba aproveitou a musica nesse comercial. A musiquinha foi composta pelo maestro Erlon Chaves (letra e música), e interpretada por Lourdinha Pereira (esposa do Rolando Boldrin) para o núcleo de produção da TV Tupi em 1952/53.
A marca dos cobertores Parahyba surgiu em 1925 e atingiu o ápice de crescimento nas décadas de 50 e 60. No final dos anos 70 a tecelagem entrou em sua fase de decadência, que durou até março de 1993. Ali encerrou suas atividades em virtude de dívidas com fornecedores, com o Estado e com a União. Sete meses após a paralisação, um grupo de funcionários assumiu a empresa. O nome Parahyba foi mantido na razão social pelo fato de a marca ser conhecida nacionalmente, o que facilitaria a venda do produto. Em conseqüência de problemas burocráticos, em 1999 a fábrica foi transformada em uma cooperativa, com duas administrações independentes, em São Paulo e Pernambuco, deixando em seu currículo esse maravilhoso comercial que embalou o sono de tantas criancinhas da época.
O “mascote” dos Cobertores Parahyba acabou virando um "bonequinho". Desejo de consumo de muitas criancinhas da época.
Essa propaganda com o desenho animado dos Cobertores Parahyba e sua trilha sonora, fez tanto sucesso, que a companhia lançou na década um disco de 45 rotações pelo selo Chantecler e distribuiu aos seus clientes.