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domingo, 25 de agosto de 2013

SORVETES KIBON ! UMA DELÍCIA... ONTEM, HOJE E SEMPRE!

A palavra Kibon só me traz doces lembranças... E quem é que não as tem, não é? Quando o assunto é - Kibon - somos invadidos por um paladar nostálgico que vem não sei de onde... Acho que o sabor dos sorvetes, picolés e doces foram muito bem armazenados na nossa memória gustativa. Só pode ser! Eu acho impossível não lembrar dos produtos Kibon e de repente ver uma padaria, supermercado, sorveteria e tal, e não entrar para matar a vontade. Eu quando criança, e acredito que a maioria das criancinhas loucas por sorvetes e picolés, não podíamos ver um lançamento novo da marca Kibon, Gelato, Maguary... E não apoquentar o juízo das coitadas das nossas mães. E os lançamentos eram diversos, do tipo picolés, sorvetes em pote, sobremesas geladas e dezenas de outras deliciosas guloseimas congeladas. Não havia dinheiro que chegasse... E a culpa toda era da Kibon.

Todo mundo diz que tenho a mania de contar a história das coisas... Mas desta vez, eu juro! Não vou contar a história do sorvete que surgiu (dizem!) numa briga entre serviçais do imperador - King Tang - lá na China, há cerca de três mil anos atrás. E muito menos vou falar de como a receita do sorvete chegou à Itália pelas mãos de Marco Polo e se espalhou pelo resto da Europa. Se bem, que foi na França, né? Que a tal receita ganhou novos ingredientes como leite, mel e tornou-se famosa entre os nobres. E daí para chegar às Américas, já viu... Foi um pulo. Só depois é que os americanos, com suas novas técnicas de refrigeração, tornou o produto industrial e popular...

...É!!! Tem jeito não. E lá vou eu contando a origem das coisas de novo.  Acabo falando demais (rs!). Ah! Já que comecei, vou finalizar rapidinho... Pois é, os americanos a partir de então inovaram nas receitas como o Milk Shake e o Sundae. E até hoje disputam a autoria da primeira casquinha de sorvete com os italianos. Mas a invenção do picolé, no começo do século XX, é dos Italianos sim senhor! Fui rápido? Então tá... Tenho dito!
No ano de 1940 as indústrias alimentícias “U.S. Harkson” aporta no Rio de Janeiro. E foi essa companhia norte-americana de alimentos que deu origem à marca Kibon. E em dezembro de 1940 é autorizada a instalação da primeira fábrica da Kibon no Brasil, pois até então os sorvetes eram produzidos artesanalmente...
Durante os anos 40, a família kibon cresceu. Surgiram os primeiros tijolos de sorvete, em sabores clássicos, como morango e chocolate, e outros genuinamente brasileiros, como coco e castanha de caju.
Dizem que as campanhas publicitárias eram extravagantes, do tipo aviões sobrevoando as praias cariocas e arremessando - lá do auto - picolés de paraquedas. Pode? Ah! Se essa moda volta nos dias de hoje... Os dois primeiros lançamentos da Kibon foram os clássicos: o sorvete Eski-bon e seu colega de palito, Chica-bon (na época, Chica-bon e Eski-bon, eram grafados com hífen). E em pouco tempo a Kibon já era um sucesso. Os outros sorvetes da Kibon eram Já-já, de coco; Ka-lu, de abacaxi; Ton-bon, de limão e um picolé que só era vendido dentro dos estádios de futebol, o Ki-chute.
O delicioso picolé Chica-bon foi lançado no ano de 1942 e continua sendo “o sinônimo” de sorvete sabor chocolate da Kibon. Ele completa este ano setenta e uma primaveras... Poxa! 71 anos no mercado, chupado no mundo inteiro, ou melhor, sorvido no mundo inteiro!? Tem que ser gostoso mesmo. 
Diz a lenda que o nome Chica-bon foi uma homenagem de Mr. John Kent Lutey (dono da Harkson- futura Kibon), a uma mulata do Morro da Mangueira, no Rio de Janeiro (onde ficava a fábrica), chamada Francisca, a “Chica”, cuja beleza o encantava. E ao longo dos anos, Chica-bon continuou uma delícia e passou por diversas modificações, no visual e no sabor. 
Entre os anos de 1942/1943, começou a circular no Rio de Janeiro os primeiros carrinhos amarelos. Carrinhos que até hoje circulam pelas ruas das cidades, mais modernos e incrementados, é lógico. Mas com os tradicional sorvetes Kibon... 
Se você observar bem o nome escrito no carrinho era Sorvex Kibon. Isso mesmo, naquela época se chamava Sorvex, e não Sorvetes Kibon
Brinquedo lançado na década de 60 - em parceria com a Estrela - para aumentar as vendas....
Esse carrinho foi perseguido por muitas crianças... Quando tocava-se a sineta dos carrinhos amarelos... Nossa Senhora!!! Era o sinal que a Kibon estava passando na rua, daí virava aquele alvoroço.
Na escola nem se fala... O alvoroço era maior ainda.
O Eski-Bon, juntamente com o Chica-Bon, são verdadeiros clássicos no que se refere a marca Kibon. O Eski-Bon era descrito como uma das “boas coisas da vida”
Desde quando estreou no Brasil, a Kibon foi logo mostrando que o sorvete era um alimento nutritivo e que poderia muito bem ser a sobremesa da família inteira. E para comprovar que o sorvete não era apenas uma guloseima infantil comprada por impulso na praia, a Kibon lançou na década de 50 as famosas latas de sorvetes. Foi uma ótima solução que a Kibon encontrou de levar o sorvete para dentro de casa.  
As latinhas de sorvete logo se tornariam “as queridinhas das rainhas do lar”. Uma vez que acabando o sorvete, elas iam para a despensa guardar outros alimentos. Somente a partir de 1977 é que as latinhas foram substituídas pelo plástico, material que tornava o preço do sorvete mais acessível para a população.  Mas na década de 80 as latinhas voltariam aos freezers dos supermercados (a Kibon vez por outra ainda lança sorvetes na lata)... Eu acho possível que latinhas de sorvetes convivam em perfeita harmonia com os potes de plástico... Eu, particularmente, acho que as latinhas são bem mais charmosas.
A marca Kibon patrocinava muitos programas na TV, sabia? Assim que a televisão chegou ao Brasil, ela foi um dos primeiros casos de merchandising da televisão nacional, a marca patrocinou episódios do Sítio do Pica-pau Amarelo (1953) e o Teatro de Cacilda Becker, também na Tupi. Somente dois anos depois, estreou um programa próprio denominado, “A Grande Ginkana Kibon”, na TV Record (um sucesso!).
Este programa revelava talentos infantis na dança, música, declamação e interpretação. Em pouco tempo, a atração se converteu em líder de audiência da TV Record, permanecendo nove anos no ar. E ao longo dos anos a marca patrocinou outros programas, como o Cine-Show Kibon, da TV Excelsior, a Revista infantil ping-pong e as Aventuras submarinas, na TV Record, que substituiu a Grande Ginkana Kibon. Isso sem falar no programa “Os brotos comandam” na Rádio Bandeirantes. Enfim, até Formula 1 ela já patrocinou.
A década de 60 foi marcada por muitas promoções, como essa que dava bandeirinhas dos estados brasileiros em troca de palitos de picolé. 
Propaganda da década de 60.
Propaganda da década de 60.
Uma das inúmeras latinhas dos sorvetes Kibon. Hoje são raridades nas mãos de colecionadores...
A Kibon sempre se destacou pelas promoções realizadas. A troca dos palitos por brindes fazia com que as crianças corressem atrás da “mimos” que a marca ofertava... 
Chapinhas Kibon da Aviação... Peça de colecionador!
Chapinhas Kibon da Aviação... 
Outro lançamento da Kibon.
Nas décadas de 1950 a 1970, os famosos carrinhos amarelos da marca também vendiam os chocolates Ki-Bamba, Ki-Leite, Ki-Coco, Ki-Passas, Ki-Coisa e Lingote, além das balinhas coloridas Delicadas, amendoim coberto com chocolate e jujubas. 

Kibon também já foi sinônimo de chocolates!
Chocolates Ki-Bamba!
Chocolates Lingote!
Chocolates Ki-Caju!
Chocolates Ki-Leite!
E os Pirulitos Kibon? Os sabores eram variados, tinham de chocolate, uva, abacaxi, morango e caramelo, eles vinham espetados numa borda superior dos carrinhos de sorvete que rodavam nas praias, circos e parques do Brasil inteiro.
A Kibon também brindou as "donas de casa..." Distribuindo caderninhos contendo receitas de como utilizar o sorvete para incrementar cada vez mais as sobremesas.
Caderno de receitas Kibon - anos 60 -
"Leve o sorvete para casa !!!" Esse era o slogan...
O picolé Pimpão... Outro lançamento da Kibon na década de 70.
Para mim é impossível contar a história da Kibon sem ter que mencionar - também - um pouco da história da “Sorvane” no mercado do Norte e Nordeste do país. Principalmente eu, que vivenciei essa “mistura” de marcas... Uma hora era Kibon, depois “Maguary – Kibon” e pouco tempo depois, virou Kibon-Sorvane... O negócio foi o seguinte, em 1953 surge as Indústrias Alimentícias Maguary que atuava no segmento de sucos de frutas e outros alimentos. Por ser fornecedor de polpa de frutas para a Kibon, em 1970, a Maguary decidou diversificar a sua linha de produtos passando – também - a fabricar sorvetes. Em 1971 a Kibon abriu uma fábrica em Recife o que “acirrou a disputa” no mercado de sorvetes. Os Sorvetes Maguary logo ganharam aceitação e reconhecimento do mercado regional e posteriormente, nacional. Em 1976 a Kibon e a Maguary realizaram uma união comercial (50% de participação para cada uma), criando a empresa Sorvane – Sorvetes e Produtos Alimentícios do Nordeste. Era uma questão de ganhos de escala e eficiência. A Sorvane passou a atuar no mercado Norte e Nordeste com a marca “Maguary - Kibon”, já que a marca Maguary era muito forte no mercado regional. Em 1984, com a venda da Maguary para a Souza Cruz (fabricante de cigarros), a Sorvane não poderia mais usar a marca Maguary no mercado de sorvetes, passando então a atuar no mercado com a marca “Kibon – Sorvane”. Essa era a confusão que existia na minha cabeça, fui pesquisar e descobri o porquê dessas misturas de marcas. Pouco tempo depois, a marca Kibon foi unificada em todo o Brasil.
Quem se lembra desses palitos? Chamados de “plastitos”... Eu lembro!!! E foi exatamente nessa época - na década de 70 - que os palitos de madeira foram sendo substituídos por essa versão de plástico colorido e flexível.
Esse novo modelo se transforma num jogo de montar, com peças de encaixe... Um sucesso na época.
Lembram desse aqui?  Banana Split no Palito !
E o Pé de Moleque e o Doce de Leite?
Eu não podia ver um "troço" desse de longe. Eu quero, quero, quero...
Na década de 80 as latinhas são relançadas e voltam com muita força... Sorte das donas de casa! Mas é por pouco tempo, logo ressurgem as embalagens plásticas.  
Latinhas de Sorvetes.
Latinhas de Sorvetes.
Latinhas de Sorvetes.
Quem lembra desses Xaropes? Atuais coberturas para os sorvetes... 
Mais uma promoção Kibon.
Brindes Kibon. Anos 90!
Álbum de Figurinhas.
Quadro evolutivo do Chica Bom.
Gente! E o Frutilly? Existe até hoje...
Frutilly.
Frutilly e seus desdobramentos...
Logomarcas Kibon.
Maguary.

8 comentários:

J.F. disse...

Marcos, que trabalho grandioso! Que pesquisa sobre uma marca que diz muito a todos nós e já faz parte da história. Parabéns e um grande abraço.

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Oi sumido! Mas qdo aparece lá vem vc com toda a sua qualidade de texto ... Putz ... fantástico mesmo ... outro dia em Buenos Aires comentava justamente isto com um amigo q viajou comigo e não conhecia esta história da Kibon ... Os carrinhos nas ruas vendendo sorvetes ... picolés ... uala ... eu tive inclusive uma réplica deste carrinho todo em madeira ... adorava ...

Nanael Soubaim disse...

Este blog merece ser tombado! Tem um acervo formidável!

Aninhainthesky disse...

Nossa! Não preciso nem fechar os olhos pra voltar a sentir o gosto do Frutilly de macã verde! Hum, eu adorava, esse e o de morango, com aquele recheio delicioso! Tinha me esquecido dos copinhos que vinham com um brinquedinho também! Eu tinha poucos, pois precisava juntar as moedas pra comprar um picolé da Kibon! Me lembro que depois do dinheiro juntado e contado, rezava para o preço não ter aumentado quando chegasse no supermercado! hehehe
Abraços!

Radical Livre disse...

Não tinha um ki-krokante 'irmão' do eskibon na década de 60? pelo menos aqui no Rio eu lembro de algo assim....

Unknown disse...

Oi Querido!

Cresci ouvindo a sogra da minha tia dizendo que havia sido a primeira garota propaganda da Kibon. O nome dela era Guiomar Ventura. Hoje fui fazer uma pesquisa e encontrei o poster da moça, porém tem um nome de Eleonora Fuchs. Não sei dizer exatamente se é ou não a senhora que conheci, mas vou tentar descobrir. Bjusss

Edison Reginaldo R. Castelano. disse...

Gostaria de saber se na década de 60 e 70 houve uma promoção de viagem a Disney, onde no palito tinha um avião e na escada passageiros subindo. Lembro vagamente. Alguém poderia me dar esta informação.

Anônimo disse...

O retrato (como se dizia antigamente) das crianças saindo da escola e correndo em direção ao carrinho da Kibon, parece ter sido tirado na frente da minha antiga escola. Boas lembranças... Cacete, já estou ficando sentimental...