A
palavra Kibon só me traz doces lembranças... E quem é que não as tem, não é?
Quando o assunto é - Kibon - somos invadidos por um paladar nostálgico que vem não
sei de onde... Acho que o sabor dos sorvetes, picolés e doces foram muito bem
armazenados na nossa memória gustativa. Só pode ser! Eu acho impossível
não lembrar dos produtos Kibon e de repente ver uma padaria, supermercado,
sorveteria e tal, e não entrar para matar a vontade. Eu quando criança, e
acredito que a maioria das criancinhas loucas por sorvetes e picolés, não
podíamos ver um lançamento novo da marca Kibon, Gelato, Maguary... E não
apoquentar o juízo das coitadas das nossas mães. E os lançamentos eram diversos,
do tipo picolés, sorvetes em pote, sobremesas geladas e dezenas de outras
deliciosas guloseimas congeladas. Não havia dinheiro que chegasse... E a culpa
toda era da Kibon.
Todo
mundo diz que tenho a mania de contar a história das coisas... Mas desta vez,
eu juro! Não vou contar a história do sorvete que surgiu (dizem!) numa briga
entre serviçais do imperador - King Tang - lá na China, há cerca de três mil
anos atrás. E muito menos vou falar de como a receita do sorvete chegou à
Itália pelas mãos de Marco Polo e se espalhou pelo resto da Europa. Se bem, que
foi na França, né? Que a tal receita ganhou novos ingredientes como leite, mel
e tornou-se famosa entre os nobres. E daí para chegar às Américas, já viu...
Foi um pulo. Só depois é que os americanos, com suas novas técnicas de
refrigeração, tornou o produto industrial e popular...
...É!!! Tem jeito não. E lá vou eu contando a origem das coisas de novo. Acabo falando
demais (rs!). Ah! Já que comecei, vou finalizar rapidinho... Pois é, os
americanos a partir de então inovaram nas receitas como o Milk Shake e o
Sundae. E até hoje disputam a autoria da primeira casquinha de sorvete com os
italianos. Mas a invenção do picolé, no começo do século XX, é dos Italianos sim senhor! Fui rápido? Então tá... Tenho dito!
No ano de 1940 as
indústrias alimentícias “U.S. Harkson” aporta no Rio de Janeiro. E foi essa
companhia norte-americana de alimentos que deu origem à marca Kibon. E em
dezembro de 1940 é autorizada a instalação da primeira fábrica da Kibon no
Brasil, pois até então os sorvetes eram produzidos artesanalmente...
Durante os anos 40, a família kibon cresceu. Surgiram os primeiros tijolos de sorvete, em sabores
clássicos, como morango e chocolate, e outros genuinamente brasileiros, como
coco e castanha de caju.
Dizem que as campanhas publicitárias eram extravagantes, do tipo aviões
sobrevoando as praias cariocas e arremessando - lá do auto - picolés de paraquedas.
Pode? Ah! Se essa moda volta nos dias de hoje... Os dois primeiros lançamentos da Kibon foram os clássicos: o sorvete Eski-bon e seu colega de palito, Chica-bon (na época, Chica-bon e Eski-bon, eram grafados com hífen). E em pouco tempo a Kibon já era um sucesso. Os outros sorvetes da Kibon eram Já-já, de coco; Ka-lu, de abacaxi; Ton-bon, de limão e um picolé que só era vendido dentro dos estádios de futebol, o Ki-chute.
O delicioso picolé Chica-bon foi lançado no ano de 1942 e continua sendo
“o sinônimo” de sorvete sabor chocolate da Kibon. Ele completa este ano setenta e
uma primaveras... Poxa! 71 anos no mercado, chupado no mundo inteiro, ou
melhor, sorvido no mundo inteiro!? Tem que ser gostoso mesmo.
Diz a lenda que o nome Chica-bon foi uma homenagem de Mr. John Kent Lutey
(dono da Harkson- futura Kibon), a uma mulata do Morro da Mangueira, no Rio de
Janeiro (onde ficava a fábrica), chamada Francisca, a “Chica”, cuja beleza o
encantava. E ao longo dos anos, Chica-bon continuou uma delícia e passou por diversas modificações, no
visual e no sabor.
Entre os anos de 1942/1943, começou a
circular no Rio de Janeiro os primeiros carrinhos amarelos. Carrinhos que até hoje circulam pelas ruas das cidades, mais modernos e incrementados, é lógico. Mas com os tradicional sorvetes Kibon...
Se você observar bem o nome escrito no carrinho era Sorvex Kibon. Isso mesmo, naquela época se chamava
Sorvex, e não Sorvetes Kibon.
Brinquedo lançado na década de 60 - em parceria com a Estrela - para aumentar as vendas....
Esse carrinho foi perseguido por muitas crianças... Quando tocava-se a sineta dos carrinhos amarelos... Nossa Senhora!!! Era o sinal que a Kibon estava passando na rua, daí virava aquele alvoroço.
Na escola nem se fala... O alvoroço era maior ainda.
O Eski-Bon,
juntamente com o Chica-Bon, são verdadeiros clássicos no que se refere a marca
Kibon. O Eski-Bon era descrito como uma das “boas coisas da vida”
Desde quando estreou no Brasil, a Kibon foi
logo mostrando que o sorvete era um alimento nutritivo e que poderia muito bem
ser a sobremesa da família inteira. E para comprovar que o sorvete não era
apenas uma guloseima infantil comprada por impulso na praia, a Kibon lançou na
década de 50 as famosas latas de sorvetes. Foi uma ótima solução que a Kibon encontrou de levar o sorvete para dentro de casa.
As latinhas de sorvete logo se tornariam “as
queridinhas das rainhas do lar”. Uma vez que acabando o sorvete, elas iam
para a despensa guardar outros alimentos. Somente a partir de 1977 é que as latinhas
foram substituídas pelo plástico, material que tornava o preço do sorvete mais
acessível para a população. Mas na
década de 80 as latinhas voltariam aos freezers dos supermercados (a Kibon vez
por outra ainda lança sorvetes na lata)... Eu acho possível que latinhas de
sorvetes convivam em perfeita harmonia com os potes de plástico... Eu, particularmente, acho
que as latinhas são bem mais charmosas.
A marca Kibon patrocinava
muitos programas na TV, sabia? Assim que a televisão chegou ao Brasil, ela foi
um dos primeiros casos de merchandising da televisão nacional, a marca
patrocinou episódios do Sítio
do Pica-pau Amarelo (1953) e o Teatro
de Cacilda Becker, também na Tupi. Somente dois anos depois, estreou um
programa próprio denominado, “A Grande Ginkana Kibon”, na TV Record (um
sucesso!).
Este programa revelava
talentos infantis na dança, música, declamação e interpretação. Em pouco tempo,
a atração se converteu em líder de audiência da TV Record, permanecendo nove
anos no ar. E ao longo dos anos a marca patrocinou outros programas, como o
Cine-Show Kibon, da TV Excelsior, a Revista infantil ping-pong e as Aventuras
submarinas, na TV Record, que substituiu a Grande Ginkana Kibon. Isso sem falar
no programa “Os brotos comandam” na Rádio Bandeirantes. Enfim, até Formula 1
ela já patrocinou.
A década de 60 foi
marcada por muitas promoções, como essa que dava bandeirinhas dos estados
brasileiros em troca de palitos de picolé.
Propaganda da década de 60.
Propaganda da década de 60.
Uma das inúmeras latinhas dos sorvetes Kibon. Hoje são raridades nas mãos de colecionadores...
A Kibon sempre se
destacou pelas promoções realizadas. A troca dos palitos por brindes fazia com que
as crianças corressem atrás da “mimos” que a marca ofertava...
Chapinhas Kibon da Aviação... Peça de colecionador!
Chapinhas Kibon da Aviação...
Outro lançamento da Kibon.
Nas
décadas de 1950 a 1970, os famosos carrinhos amarelos da marca também vendiam
os chocolates Ki-Bamba, Ki-Leite, Ki-Coco, Ki-Passas, Ki-Coisa e Lingote, além
das balinhas coloridas Delicadas, amendoim coberto com chocolate e jujubas.
Kibon também já foi sinônimo de chocolates!
Chocolates Ki-Bamba!
Chocolates Lingote!
Chocolates Ki-Caju!
Chocolates Ki-Leite!
E
os Pirulitos Kibon? Os sabores eram variados, tinham de chocolate, uva, abacaxi, morango e
caramelo, eles vinham espetados numa borda superior dos carrinhos de sorvete
que rodavam nas praias, circos e parques do Brasil inteiro.
A Kibon também brindou as "donas de casa..." Distribuindo caderninhos contendo receitas de como utilizar o sorvete para incrementar cada vez mais as sobremesas.
Caderno de receitas Kibon - anos 60 -
"Leve o sorvete para casa !!!" Esse era o slogan...
O picolé Pimpão... Outro lançamento da Kibon na década de 70.
Para mim é impossível contar a história da Kibon sem ter
que mencionar - também - um pouco da história da “Sorvane” no mercado do Norte
e Nordeste do país. Principalmente eu, que vivenciei essa “mistura” de
marcas... Uma hora era Kibon, depois “Maguary – Kibon” e pouco tempo depois,
virou Kibon-Sorvane... O negócio foi o seguinte, em 1953 surge as Indústrias
Alimentícias Maguary que atuava no segmento de sucos de frutas e outros
alimentos. Por ser fornecedor de polpa de frutas para a Kibon, em 1970, a
Maguary decidou diversificar a sua linha de produtos passando – também - a
fabricar sorvetes. Em 1971 a Kibon abriu uma fábrica em Recife o que “acirrou a
disputa” no mercado de sorvetes. Os Sorvetes Maguary logo ganharam aceitação e
reconhecimento do mercado regional e posteriormente, nacional. Em 1976 a Kibon
e a Maguary realizaram uma união comercial (50% de participação para cada uma),
criando a empresa Sorvane – Sorvetes e Produtos Alimentícios do Nordeste. Era
uma questão de ganhos de escala e eficiência. A Sorvane passou a atuar no
mercado Norte e Nordeste com a marca “Maguary - Kibon”, já que a marca Maguary
era muito forte no mercado regional. Em 1984, com a venda da Maguary para a
Souza Cruz (fabricante de cigarros), a Sorvane não poderia mais usar a marca
Maguary no mercado de sorvetes, passando então a atuar no mercado com a marca “Kibon
– Sorvane”. Essa era a confusão que existia na minha cabeça, fui pesquisar e
descobri o porquê dessas misturas de marcas. Pouco tempo depois, a marca Kibon
foi unificada em todo o Brasil.
Quem
se lembra desses palitos? Chamados de “plastitos”... Eu lembro!!! E foi
exatamente nessa época - na década de 70 - que os palitos de madeira foram
sendo substituídos por essa versão de plástico colorido e flexível.
Esse
novo modelo se transforma num jogo de montar, com peças de encaixe... Um
sucesso na época.
Lembram desse aqui? Banana Split no Palito !
E o Pé de Moleque e o Doce de Leite?
Eu não podia ver um "troço" desse de longe. Eu quero, quero, quero...
Na década de 80 as latinhas são relançadas e voltam com muita força... Sorte das donas de casa! Mas é por pouco tempo, logo ressurgem as embalagens plásticas.
Latinhas de Sorvetes.
Latinhas de Sorvetes.
Quem lembra desses Xaropes? Atuais coberturas para os sorvetes...
Mais uma promoção Kibon.
Brindes Kibon. Anos 90!
Álbum de Figurinhas.
Quadro evolutivo do Chica Bom.
Gente! E o Frutilly? Existe até hoje...
Frutilly.
Frutilly e seus desdobramentos...
Logomarcas Kibon.
Maguary.
8 comentários:
Marcos, que trabalho grandioso! Que pesquisa sobre uma marca que diz muito a todos nós e já faz parte da história. Parabéns e um grande abraço.
Oi sumido! Mas qdo aparece lá vem vc com toda a sua qualidade de texto ... Putz ... fantástico mesmo ... outro dia em Buenos Aires comentava justamente isto com um amigo q viajou comigo e não conhecia esta história da Kibon ... Os carrinhos nas ruas vendendo sorvetes ... picolés ... uala ... eu tive inclusive uma réplica deste carrinho todo em madeira ... adorava ...
Este blog merece ser tombado! Tem um acervo formidável!
Nossa! Não preciso nem fechar os olhos pra voltar a sentir o gosto do Frutilly de macã verde! Hum, eu adorava, esse e o de morango, com aquele recheio delicioso! Tinha me esquecido dos copinhos que vinham com um brinquedinho também! Eu tinha poucos, pois precisava juntar as moedas pra comprar um picolé da Kibon! Me lembro que depois do dinheiro juntado e contado, rezava para o preço não ter aumentado quando chegasse no supermercado! hehehe
Abraços!
Não tinha um ki-krokante 'irmão' do eskibon na década de 60? pelo menos aqui no Rio eu lembro de algo assim....
Oi Querido!
Cresci ouvindo a sogra da minha tia dizendo que havia sido a primeira garota propaganda da Kibon. O nome dela era Guiomar Ventura. Hoje fui fazer uma pesquisa e encontrei o poster da moça, porém tem um nome de Eleonora Fuchs. Não sei dizer exatamente se é ou não a senhora que conheci, mas vou tentar descobrir. Bjusss
Gostaria de saber se na década de 60 e 70 houve uma promoção de viagem a Disney, onde no palito tinha um avião e na escada passageiros subindo. Lembro vagamente. Alguém poderia me dar esta informação.
O retrato (como se dizia antigamente) das crianças saindo da escola e correndo em direção ao carrinho da Kibon, parece ter sido tirado na frente da minha antiga escola. Boas lembranças... Cacete, já estou ficando sentimental...
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