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sexta-feira, 25 de maio de 2012

PENTE FLAMENGO - O ÚLTIMO DOS MOICANOS !

Pentinho no bolso de trás da calça fazia parte do "kit" de acessórios da maioria dos mancebos ao saírem de casa... Isso lá pelos nos idos anos 40, 50, 60 e 70. Verdade! Ter um pente no bolso da calça era como estar acompanhado de seu fiel cão de guarda. Me parece que o cabra se sentia mais protegido de uma possível baixa “autoestima” ou sei lá mais o que... Mas enfim, meu avô é que dizia que um verdadeiro homem devia andar sempre munido de sete coisas... Uma carteira de couro (com dinheiro, lógico!), um relógio, um lenço, um canivete, um maço de cigarros, um isqueiro e, principalmente, um Pente Flamengo. E num é que o danado do Pente Flamengo o acompanhou até o fim dos últimos fios de seus cabelos... (RS!). Saudade do senhor... Viu, meu “Vô Albino”!
Eu mesmo já usei pente no bolso da calça!!! D-i-s-c-r-e-t-a-m-e-n-t-e, mas usei. Vou mentir pra quê? Usei sim! E mais... Meu primeiro pente eu ganhei aos 11 anos. Foi um presente de meu irmão Camilo, ele havia comprado o pente na feira mesmo. Um pra mim e outro para ele. A marca era: Flamengo. Senti-me "mui orgulhoso" e mostrei o tal pente pra família inteira... Depois o guardei no bolso como se fosse um documento super importante. Mas com o passar do tempo os dentes do pente foram caindo, caindo até ficar completamente banguelo. E daí só me restou tocar, junto com uma folha de papel, a musiqueta... Do - ré - mi - fa ... / Fa - fa. /Do -  re - do – re... (rs!). Saudades!
Eu também tive muitos amigos que usaram (e acho que alguns ainda usam!) o tal do pente guardado no bolso. Era muito comum para os garotos da época sacarem o pente do bolso e se pentearem em público... O fim! Mas acontecia. E ainda hoje isso acontece, outro dia vi alguém pentear os cabelos antes de entrar numa Igreja. Daí eu pensei... Já vi essa cena antes!
Propaganda da década de 60 dos Pentes Flamengo.
O pente Flamengo era fabricado pela Flex-a Carioca e não tinha nada a ver com o Clube Regatas do Flamengo. Qualquer torcedor menos fanático do Fluminense, Botafogo e/ou Vasco, podia usar. Quero acreditar que ainda existam pentes Flamengo no mercado... Mas já não deve vender como antigamente.
Este produto, na época, virou sinônimo incontestável de qualidade no quesito pente de bolso. Ninguém mais pedia um pente de bolso nos armarinhos, farmácias e camelôs, pedia mesmo era pela marca: “Um pente Flamengo, por favor!”
O pente Flamengo pode estar sumindo gradativamente do mercado, é um  fato. Mas de uma coisa podemos estar certos... Enquanto existir uma vasta cabeleira à pentear, o pente Flamengo permanecerá ali, como o Último dos Moicanos. O Pente Flamengo já é lenda meu bem. Já faz parte do Folclore Nacional.
Sim! Existiam também os pentes da marca Condor. Eles inovaram nas cores, fugindo do tradicional. Esta marca também deu o seu recado no tocante aos pentes de bolso.

terça-feira, 8 de maio de 2012

O PRIMEIRO JEANS A GENTE NUNCA ESQUECE...

Engraçado! Se chegarmos para qualquer criança e/ou adolescentes de hoje e falarmos que já existiu uma época em que se quer haviam calças jeans... Ah! Nem vão acreditar. Verdade! Para essa geração Bob esponja, Pokemons, Danoninhos e afins, a calça jeans parece ter existido sempre. Como se fosse algo  bem comum à época da adolescência de D. Pedro I e sua impávida corte. O que nem todo mundo sabe é que o tecido jeans, aquele algodão “alonado” tingido com o corante índigo blue, é considerado relativamente novo. Sério! Possui aproximadamente uns 150 anos. Como assim... 150 anos e novo? Claro que é novo. Basta lembrar que a nossa Dercy Gonçalves tinha 101 quando morreu, e ela morreu faz pouco tempo. Todo mundo lembra... E a calça Jeans tem 150 anos! Só 50 aninhos a mais... 
Na verdade, a antiga calça jeans nasceu na Califórnia do século XIX para ser usada por mineradores da região. É que certo dia, um dos mineradores pediu a “Strauss” que lhe fizesse uma calça com uma lona bem resistente, capaz de "aguentar" meses de labuta... Pedido esse que logo virou tendência e acabou sendo adotada por outros mineradores da região. 
Portanto, foi Levi Strauss quem primeiro transformou um tecido de baixo custo (um certo tipo de lona amarronzado) em uma calça adequada para uso de mineradores e vaqueiros. Alguns anos depois, ele passou a confeccionar calças a partir de um tecido francês, um brim azul, vindo da cidade de Nímes, que em seguida transformou-se em denim. Eram calças azuis, tintura obtida a partir de folhas de uma planta chamada indigueiro, daí a origem da palavra índigo, até hoje utilizada para referenciar esta cor. E com o passar dos anos o jeans foi sendo adotado pelos jovens como sinônimo de liberdade e menos rigor nas vestes para o dia a dia... Como no caso de “O Selvagem” (The Wild One/1953) e “Juventude Transviada” (Rebel Without a Cause/1955).  
Aqui no Brasil quem quisesse posar de rebelde sem causa “a lá James Dean”, tinha que viajar e comprar o jeans lá fora meu bem, no exterior... Nessa época, importação em nosso país era coisa rara, proibida mesmo. É claro que já existia o contrabando, mas mesmo assim era difícil. O desejo de se ter uma legitima calça LEE e ou uma LEVI’S - sonho de consumo de muitos rapazes da época - custava caro. Me contaram que o meu tio Adalberto, no final dos anos 50, conseguia comprar essas calças americanas através de uma "aeromoça muambeira", super amiga dele...
Propaganda da marca Levi's nos Anos 50.
Propaganda das calças Lee no início da década de 50.
Propaganda das calças Wrangler em 1957.
A Calça Jeans já foi uma exclusividade dos homens. Só a partir do finalzinho da década de 40 e início da década de 50, é que a LEVI'S resolveu lançar - também - uma linha de calças femininas. E desde então, o público feminino assumiu de vez, o posto de “as maiores consumidoras de calças Jeans do mundo”...
Mas como já dizia o velho ditado: “Quem não tem cão, caça com gato!”.  E em se tratando de terras tupiniquins, tudo se dá um jeito. E foi o que aconteceu... A indústria têxtil nacional ainda não fabricava o tecido, e as mitológicas Calças LEVI'S, LEE e WRANGLER continuavam verdadeiras lendas no imaginário dos consumidores da Classe Média. E foi como solução para esse “perrengue”, que uma tímida confecção têxtil paulista chamada Roupas AB, lançou em 1948 uma imitação bem, mais bem mixuruca mesmo, das Calças Jeans Americanas. Era uma calça grossa de Brim azul que ficou conhecida como Calças Rancheiro.
No começo a tal calça Rancheiro não “aconteceu” como era de se esperar. Pois era uma calça muito dura (encharcada de goma) e que até vinco apresentava. Mas no ano de 1956 a Alpargatas do Brasil estreou uma nova calça de nome Rodeio, já confeccionada com o famoso “BRIM CORINGA”, e um pouquinho mais melhorada do que a calça Rancheiro... Daí eu pergunto: Quem na casa dos "enta" não usou Calças de BRIM CORINGA? Eu e meu irmão - quando bem criancinhas - já no início dos anos 70, chegamos a usar e muito. A vontade de ter uma calça parecida com a dos Cowboys do cinema era tanta, que a tal calça de Brim era o máximo dos máximos para nós. Depois de um tempinho, e com uma exigência maior por parte dos jovens, a Alpargatas lançou um Jeans definitivo: Jeans FAR-WEST. E foi um sucesso total de vendas. Mas... As calças continuavam duras e sem desbotar...
BRIM CORINGA: "feito pra durar uma vida toda". Esse era o slogan que enaltecia as qualidades do BRIM CORINGA. E mais, “o único que não encolhe!”. Minha mãe discorda disso até hoje... Rs!
Propaganda das Calças RODEIO de 1957. (Alpargatas do Brasil).
A chegada da Calça FAR-WEST no mercado brasileiro, como um produto de boa qualidade, foi uma sensação absoluta. Era a única forma, talvez, de se ter um "quase legítimo" Jeans índigo blue... 
Propaganda do início da década de 60 - Calças FAR-WEST.
Dizem por aí que a primeira calça jeans brasileira foi a FAR-WEST. Mas não foi. A pioneira mesmo foi a calça RANCHEIRO. E até hoje o fantasma da calça RANCHEIRO persegue e/ou esta associada aos produtos da centenária Alpargatas. Um grande equivoco! Principalmente porque se trata do pioneirismo do nosso jeans nacional. O pioneirismo se deve mesmo a Confecção de Roupas AB. Justiça seja feita, né!
A “Alpargatas do Brasil” lançou - já nos anos 60 - as calças Topeka (exclusiva para "gente grande")... Nunca usei! Era muito criancinha ainda. Mas quem usou disse que eram "horrorosas e muito quentes". A única vantagem estava nas cores...  
Propaganda das Calças Topeka nos anos 60.
Enfim, comecei a fazer minhas escolhas e entender melhor os meus “gostos e desgostos” no final da década de 70. Eu devia ter uns 12 para 13 anos... E lembro bem que as Calças LEVI’S, LEE e WRANGLER ainda eram a sensação do momento para quem podia comprar produtos importados... Sempre fui muito “enjoadinho” com roupas, é verdade. Mas nunca exigente ao ponto de “querer por que querer” uma legítima calça LEE . Pouco me importava se era ou não de marca americana... O mais importante para mim (um garoto pré – adolescente) era estar lindo, cheiroso, arrumado e muito bem intencionado. Afinal de contas eu pretendia ser "aquele" amante à moda antiga, que apesar do velho tênis e da calça desbotada... Já pensava em mandar flores. Como assim pra quem? Ahhh! Já não interessa mais... Há, há, há. 
A marca LEVI’S é uma lenda americana tal e qual os cawboys do cinema o são. Foi eleita pela revista americana Time como “a vestimenta do século XX”. Dizem que é um orgulho para os americanos... E de fato, é mesmo. Afinal, há mais de 150 anos a marca vem vestindo gerações e ditando moda.
Propaganda da Wrangler no início da década de 70. O Jeans WRANGLER é também um dos mais famosos do mundo. Um jeans extremamente associado ao mundo do rodeio e um verdadeiro ícone do estilo country americano.
Propaganda das Calças Lee na década de 70. O modelito "pacote completo": Camisa, Jaqueta e Calças Jeans LEE... Nossa! Virou febre na época. A LEE até hoje continua sendo uma das marcas mais emblemáticas da cultura americana. Calças e jaquetas que representam muito mais do que uma simples peça de roupa, mas um estilo de vida americano de ser, ou melhor, mistura a moda e o western num pacote só... Muito americanizado pro meu gosto.
Propaganda década de 70 - Jeans LEE.
O Jeans JORDACHE também passou por terras tupiniquins e deixou sua marca... O ano era 1974.
O Jeans MUSTANG, considerado o mais antigo da Europa, também aportou por aqui no Brasil. Era um Jeans de origem alemã que também fez muito sucesso por aqui... 
Geeente! Falar das calças US TOP me remete a um tempo em que eu era liso, virgem e feliz. Nossa!!!! Como eu gostava dessa marca... Juro! O Jeans da US TOP foi algo muito presente na minha adolescência. Não tenho a menor vergonha em afirmar isso. O preço agradava no bolso da classe média e nos permitia ter mais de uma calça Jeans. Lembro de uma calça da US TOP que ganhei de aniversário que era uma coisa de louco... Sabe aquela calça que você adota e não quer mais sair dela? Ela só tinha duas paradas meu bem, varal e meu corpo. Acho uma pena a Alpargatas ter posto a marca na geladeira, podia estar agora aproveitando essa onda retrô na moda brasileira.
A Us Top foi um jeans também fabricado pela Alpargatas do Brasil, surgiu nos anos setenta para fazer frente a esse mercado dominado, na preferência e no estilo, pelas calças importadas americanas. O Jeans US TOP já era "bem mais molinho", e o melhor de tudo, desbotava feito as calças americanas. Caiu no gosto popular e fez um sucesso tremendo!!!
Para quem viveu essa época, carente de livre-arbítrio, sobretudo de expressão, os valores de liberdade tinha uma importância impar, até mesmo na forma de vestir-se...
E tinha uma propaganda que era voltada para esse público jovem que sonhava por liberdade em tempos de ditadura. A música, de Sérgio Mineiro e Beto Ruschel, foi um mega sucesso em 1976.


“Liberdade é uma calça velha / Azul e desbotada / Que você pode usar / Do jeito que quiser / Não usa quem não quer / US Top / Desbota e perde o vinco / Denin Índigo Blue / US Top / Seu jeito de viver / Não usa quem não quer / US Top / Desbota e perde o vinco.”
E essa expressão: “desbota e perde o vinco”, fala de um modo de vestir mais descolado, era antagônica ao visual comum dos homens que seduzidos pela praticidade do Nycron (sintético), que na campanha publicitária era vendido como: aquele que não desbota e nem perde o vinco. (ver meu antigo post sobre as calças de Nycron).
Quem não lembra dessa etiqueta no cós das calças? Me diga, vá...
Acho o máximo encontrar propagandas antigas e rever como eram determinados artistas em épocas bemmm remotas... Como essa da US TOP onde Angélica e Tob do Balão Mágico participaram. Fantástico não?
Outra marca de Jeans que eu adorava quando adolescente era STAROUP. Para quem não se lembra, a STAROUP era uma marca nacional que - na época – transformou-se em objeto de desejo de muitos jovens da classe média brasileira. A STAROUP foi uma empresa paulista sediada na cidade de Botucatu. A marca STAROUP e seus produtos fizeram tanto sucesso que chegou a ter filiais nos EUA e na extinta União Soviética. A novela Dancin' Days foi uma de suas  maiores divulgadoras. 
Lembro bem dessas cenas, bem como, de seus famosíssimos comerciais de Tv. Um deles chegou a receber um prêmio internacional, visto que mostrava um grupo de jovens lutando contra o Regime Militar da época. O premio foi nada mais nada menos que o Leão de Ouro em Cannes... Brinque!!!
As músicas presentes nos comerciais da STAROUP faziam tanto sucesso que viravam discos depois...
Mais um disco da Staroup...
E quem não lembra desse comercial da ELLUS Jeans?  Virou mania... Mania de Você!!!
Calça Jeans Cukier... "Use calça Cukier, feita pra você! Cukieeeeer..." Quem não lembra dessa marca? E o tema cantado por Kim Carnes... Lembrou?
E o Jeans Pool? A mulherada adorava a marca... O Pool da Gata!
A marca do Jeans Pool surgiu na década de 80, mas precisamente  em 1982.
Aportou por aqui e fez o maior sucesso nos Anos 80. E Brooke Shields era a sua garota propaganda. 
Calvin Klein, dizem que foi o primeiro Jeans a subir numa passarela de moda...
O Jeans da DIJON existe desde o final da década de 70, mas foi na década de 80 que  assumiu o protagonismo do Jeans metalizado e fez  sucesso!
O Jeans metalizado no Brasil e a sua maior representante... A Dijon! Ou seria a Luiza Brunet?
Engraçado! O dono da marca DIJON, Humberto Saade, fazia - sempre - questão de aparecer junto com a Luíza Brunet... E quem não faria questão, né? A Luíza aparecia vestindo unicamente o Jeans!
A Monique Evans e a Vanessa de Oliveira também foram garotas propagandas da DIJON.
Com o correr dos anos foram surgindo outras marcas de Jeans como: PHILIPPE MARTIN, MACKEEN (caríssima no final da década de 70), FIORUCCI, DIMPUS, CANTÃO, ZOOMP entre tantas outras. Pois é... E pensar que o nosso jeans já foi um dia uma calça de lona grossa, dura e de cor “amarronzada”. E que hoje é confortável e veste mais da metade da população do mundo inteiro. Nesses 150 anos de existência já aprontou e muito ao longo de sua trajetória. Foi lavado, pré-lavado, desbotado, rasgado, desfiado. A cintura já foi alta e já foi baixa. Já foi vermelho, mostarda, preto e de cores que ninguém nem sabe o nome. Já foi até pantalona, boca de sino, cigarrete, bag, semi-bag e com elastano. E mais, usava-se com bolso ou sem bolsos. Olhe!!!! Ao longo desses anos ele já fez de um, tuuudo!!!! O jeans já enfrentou regimes ditatoriais, patenteou estrelas de cinema e foi emblemático nas revoluções sociais, sexuais e culturais. Vestiu pobres, ricos e muita gente famosa. E o que é melhor, acabou com todo tipo de preconceitos meu bem. Salve Jeans!!!!! O Jeans tornou-se uma peça tão fundamental no cotidiano das pessoas que eu acho até que o Papa tem lá a sua calça jeans guardada no armário... Geeente! Por que não?  Será que é pecado usar jeans... Falei besteira, foi? Ah! Quer saber... Deve ser muito chato mesmo passar o dia todo arrastando aquela batina comprida nos salões do vaticano. Com todo respeito! O Santo Papa merece usar Jeans sim! Ora bolas... E porque não? Afinal de contas alguém disse, não sei quando, que o Papa era pop, né mesmo?! Agora relembrem alguns comerciais inesquecíveis... Realmente inesquecíveis !!!! 



Click na "setinha" (abaixodo lado direito para ver todos os comerciais das décadas de 70 e 80... Bom passeio.