.

.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

TOMAR BANHO DE TALCO...

Minha avó materna adorava passar talco pelo corpo... E todo final de tarde lá estava ela - "xêroooosa" - sentadinha bordando. Em seu pescoço ainda se via os vestígios do Pó de Arroz . E eu perguntava: Já tomou seu "Banho de Talco" hoje? Ela simplesmente balançava a cabeça e sorria para mim.
Usar pó de arroz ou talco por todo o corpo era um hábito bastante antigo, milenar mesmo. Um costume próprio das mulheres orientais (chinesas e/ou japonesas). Somente depois é que se tornou peculiar às mulheres europeias (principalmente as inglesas e francesas). Já no Brasil a origem do pó de arroz se deu no início do.... ///// Êpa! Parou tudo. (Eu não sei porque estou a falar dos primórdios do milenar pó de arroz, se eu sou do tempo do pó de talco Palmolive.)... Portanto, no tempo do talco Palmolive - Década de 70 - O pó vinha dentro de um cone cilíndrico de papel. E o tal papel da embalagem era mais grosso do que o papel de enrolar prego... E daí que depois do frasco seco, eu e meus irmãos brincávamos de fazer cofrinho com ele. Pronto!

Então! Como ia dizendo, minha avó materna tinha verdadeira adoração por talcos de tudo quanto era tipo. Dos mais finos, trazidos de Paris por sua amiga Luzia Rêgo, até os vendidos no balcão da mercearia do meu pai. Ainda lembro de alguns: Gessy, Palmolive, Vinólia (esses sempre foram em latas), Ross, Seiva de Alfazema, Cinta Azul, Lux, Topaze (Avon), Un Joyel (Myrurgia), Coty, Bonzano, Alma de Flôres (lembro de alguns cuja embalagem era de plástico e na cor azul), Cashmere Bouquet, Rastro...

As minhas tias também tomavam "Banho de Talco" antes de se entregarem nos braços de Morfeu... (só iam pra cama polvilhadas com talco, pode?). Acredito que naquela época sequer existiam os hidratantes corporais. Ainda bem, pois não consigo imaginar minhas tias se lambuzando de hidratante monange, tal qual Xuxa no comercial da TV.

As lembranças que tenho do pó de arroz é que vinha dentro de umas caixinhas "bem bonitinhas" e coloridas. Também recordo daqueles talcos perfumadíssimos da Avon e das latas de metal decoradas com desenhos coloridos ( como as que aparecem nas fotos exibidas ao longo do post ). Todos esses talcos com cheiros da minha infância estão associados a uma sensação de bem-estar, conforto e nostalgia de um tempo super mágico para mim.

Infelizmente aquela nostalgia das caixinhas do pó de arroz, bem como o charme das antigas latas de metal, se perderam no tempo. O que vemos agora são modernas embalagens de plástico de multinacionais despersonalizadas.

Eu nunca tomei um "Baaaaanho de Talco"... Mas lembro que só usei talco em alguns momentos de minha vida... Quando ia cortar o cabelo e o barbeiro vinha com uma "mini vassourinha" cheia de talco a passar no meu pescoço. Usava também para acabar com o cheiro de chulé dos meus kichuts e nas manhãs de domingo de Carnaval... No famoso Mela-Mela! Que era uma brincadeira divertidíssima, porém de extremo mal-gosto. Confesso que fui uma criança politicamente incorreta neste quesito... Eu, Duda de seu Zé Mendes e Anchieta de seu Liu nos posicionávamos próximo à calçada da igreja. E cada qual com sua bisnaga de água e um frasco do talco Cinta Azul (comprados na mercearia de meu pai) atacávamos exatamente aquelas pessoas limpinhas, limpinhas... Por isso é que ninguém gostava de sair às ruas no domingo de Carnaval pela manhã. Aqueles que ousavam por os pés fora de casa, é porque já sabiam do mela-mela e queriam melar-se também. Valia tudo no mela - mela, quando acabava o talco se comprava farinha de trigo,farinha de mandioca, maizena, coloral, cuminho... E até o resto das cinzas do fogão á lenha eram usados. Mas quando dava meio-dia o mela-mela se encerrava. Estava na hora de voltar para casa e tomar banho... E o banho já não era mais de talco, e sim com bastante agua e sabão... Bons tempos!!!!

E quem disse que talco era coisa só de mulher? Nunca foi caríssimos/as... Meu tio Luís da Penha usou talco a vida inteira. Assim que saía do banheiro lá ia ele tomar outro banho, desta vez com talco. Espalhava aquele pó branco pelo corpo todo... E haja talco meu bem! Ele era "enooorme" e pesava aproximadamente cento e cinco quilos. O problema todo é que ele usava o talco "infantil" Johnsons dos próprios filhos. E não adiantava sua esposa comprar talco Johnsons para "adultos" que ele não usava. O seu perfume era este: O cheiro do talco infantil da Johnson&Johnson. Esteja onde estiver, tenho certeza que... Sua "alma cheira a talco/ como bumbum de bebe." (Gilberto Gil). Saudades....

Houve um tempo em que dar "Banho de Talco" nos bebes era algo bastante comum também. Só que hoje em dia os pediatras não mais aconselham. Dizem que as partículas do pó do talco são tão finas que podem entrar nos pulmões da criança e causar problemas respiratórios graves.

E pensar que cansei de ver minha mãe (desavisada na época) juntamente com a babá de minha irmã mais nova, promovendo um verdadeiro Carnaval de fumaça de pó de talco. Na hora de trocar a fralda da coitadinha da minha irmã, eu via o frasco de pó sendo sacudido pra cá e pra lá e o "fumacê" tomando conta do quarto. Eu acho que minha irmã Betânia até hoje é viciada em talco Pom-Pom e não sabe... Vai ver que é por causa disso que a "bichinha" ficou daquele jeito... Agitadíssima! E a culpa toda? Lógico que foi do talco Pom-Pom meu bem.

Enfim, os talcos infantis da minha época eram: Talco Ross, Gessy, York, Johnson&Johnson, Granado e o Pom-Pom. E tem mais... Eu já escutei falar que algumas mães da zona rural usavam Maisena, Arrozina e até goma seca de fazer tapioca como anti-séptico infantil. E quer saber, acho que funcionava. O estranho era pensar que: O produto que fazia o mingau do bebe servia também para polvilhar os bumbuns dos mesmos... Não era o máximo!