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terça-feira, 26 de julho de 2011

" JÁ É HORA DE DORMIR..." COM OS COBERTORES PARAHYBA.

"Já é hora de dormir

Não espere a mamãe mandar

Um bom sono pra você

E um alegre despertar..."
Quem tem menos de quarenta anos não vai acreditar, mas houve um tempo, não muito distante, em que as criancinhas iam mesmo para a cama após ouvir essa musiquinha. Verdade! Essa musiquinha, durante mais de uma década, marcou o encerramento da programação infantil na saudosa TV Tupi. Funcionava como um sinal para as crianças se retirarem da sala e irem dormir. E, lógico! As mães da época adoraram o jingle! O comercial só passava uma única vez, à noite, e era exibido exatamente às 21h00min. Portanto, acreditem: Nas décadas de 60/70 nenhuma criança ia dormir sem antes assistir ao comercial dos Cobertores Parahyba. Nos dias de hoje, ao verem este comercial, a criançada vai achá-lo tão ingênuo quanto à idéia de dormir antes das 22h00min...
O filminho (desenho animado) foi produzido por César Mêmolo, pioneiro em desenhos animados de publicidade. Exibia um pai diante da TV olhando para seu relógio de pulso. Em outra cena, o “menininho” símbolo da marca – juntamente com seus dois irmãos – aparecia vestido de pijama, gorro na cabeça e com uma vela na mão, seguia em direção ao quarto. Então ele recebia um beijo de boa noite e ia com sua velinha até a cama, ao som da famosa musiquinha... Tudo tão bobinho! Mas tão bonitinho, né não? (vejam o vídeo logo mais a baixo).
O saudoso Comercial dos Cobertores Parahyba foi veiculado entre os anos 1960 e 1975. E é tido como uma das campanhas publicitárias mais lembradas do século 20 no Brasil.
Fiquei sabendo que essa “musiquinha” é bem anterior ao Comercial dos Cobertores Parahyba. Ela já existia nos anos 50 com a figura “inanimada” do indiozinho da TV Tupi dormindo (ainda não existia o videotape, tá!). Dizem que nos primórdios da televisão brasileira - década de 50 na TV Tupi - os telespectadores começaram a reclamar sobre o impacto que o “novo” veículo de comunicação exercia junto às famílias. Alegando que os filhos só iam pra cama ao final da programação, ou seja, depois das 22:00 horas.
Pensando nisso, e para não deixar o público insatisfeito, a Rede Tupi encomendou um jingle para ser tocado todos os dias - às nove da noite - quando exibia na tela dos televisores um desenho: Seu símbolo, o simpático indiozinho, que aparecia dormindo. Somente na década de 60 é que a indústria dos Cobertores Parahyba aproveitou a musica nesse comercial. A musiquinha foi composta pelo maestro Erlon Chaves (letra e música), e interpretada por Lourdinha Pereira (esposa do Rolando Boldrin) para o núcleo de produção da TV Tupi em 1952/53.
A marca dos cobertores Parahyba surgiu em 1925 e atingiu o ápice de crescimento nas décadas de 50 e 60. No final dos anos 70 a tecelagem entrou em sua fase de decadência, que durou até março de 1993. Ali encerrou suas atividades em virtude de dívidas com fornecedores, com o Estado e com a União. Sete meses após a paralisação, um grupo de funcionários assumiu a empresa. O nome Parahyba foi mantido na razão social pelo fato de a marca ser conhecida nacionalmente, o que facilitaria a venda do produto. Em conseqüência de problemas burocráticos, em 1999 a fábrica foi transformada em uma cooperativa, com duas administrações independentes, em São Paulo e Pernambuco, deixando em seu currículo esse maravilhoso comercial que embalou o sono de tantas criancinhas da época.
Anúncio da Década de 60.
Anúncio da década de 60.
O “mascote” dos Cobertores Parahyba acabou virando um "bonequinho". Desejo de consumo de muitas criancinhas da época.
Essa propaganda com o desenho animado dos Cobertores Parahyba e sua trilha sonora, fez tanto sucesso, que a companhia lançou na década um disco de 45 rotações pelo selo Chantecler e distribuiu aos seus clientes.

domingo, 17 de julho de 2011

OS POSTOS ESSO E SEUS MASCOTES: O CASAL GASOLINO E O TIGRÃO DA ESSO.

Se você tem uma quilometragem igual ou superior a minha, certamente irá lembrar da Gotinha da Esso. A tal gotinha foi um “mascote” super simpático adotado pelos postos de Gasolina Esso, e que na época, fez o maior sucesso. O personagem simbolizado por uma gotinha de gasolina (ou seria uma gotinha de óleo?) chegou ao Brasil no início da década de 50. Daí começou a aparecer em revistas, e principalmente, nos inesquecíveis comerciais da Esso na TV. A empatia do personagem junto ao público foi tão grande que o consumidor exigiu uma namoradinha para ele...
...Então a gotinha da Esso não perdeu tempo e tratou de arranjar uma companheira. Sua namorada possuía um corpo cheio de curvas e um lacinho de fita no cabelo. E assim nasceu o casalzinho mais famoso da mídia impressa e televisiva: O Casal Gasolino, ou simplesmente, as Gotinhas da Esso.
Eles usavam um macacão todo branco com a marca Esso estampada. Sempre juntinhos, passavam a idéia de um casal mega feliz. Nas revistas, propagandas e comercias de TV, apareciam trocando afagos e carinhos. Ela encostava a cabecinha (ou melhor, a gotinha) no ombro dele e iam passear de lambreta por aí... E mais, dançavam um sambinha rasgado pra ninguém botar defeito. Verdade! Com direito à perna entre pernas e um tremendo bate coxa. O clima era de total sedução meu bem... E foi dessa forma que o Casal Gasolino ajudou a Esso a conquistar a liderança no mercado brasileiro.
As encantadoras e simpáticas gotinhas, além dos reclames, anúncios e animações para TV, viraram também “souvenires” e brindes promocionais. E como toda criança é igual em  qualquer época e lugar, enlouqueciam pelos brindes e as promoções. Praticamente obrigava os pais a pararem nos postos Esso para trocar o óleo, colocar gasolina, limpar o para brisa... Tudo isso só para ganhar bonequinhos, chaveiros, revistinhas e adesivos (para se colocar nos vidros dos carros). Enfim, as Gotinhas da Esso foram verdadeiras celebridades. Mas como toda celebridade um dia acaba no ostracismo, perde a fama e some. Elas também sumiram... Acho que a culpa foi do outro mascote da Esso: O Tigre! Eu particularmente acho que o Casal Gasolino montou na sua lambretinha e fugiu com medo do Tigre. Vai saber???
Bonequinho dos anos 50.
O Casal Gasolino !  Hoje em dia essas gotinhas da Esso são disputadíssimas por colecionadores.
Um antigo Chaveiro da década de 60.
Certa vez eu e meu irmão ganhamos "UM" posto Esso de brinquedo... A coitada da minha tia passou meses juntando cupons para trocar por esse posto. E já imaginaram né...  Briga na certa!  Quem já viu dar "UM" unico brinquedo para ser dividido para duas crianças. Principalmente se essa criança teve  ou tem um irmão igual ao Marcos Dhotta. Aí, meu bem... Vai prestar não!
Caminhãozinho (tanque) de brinquedo dos postos Esso em plena década de 70.

E os calendários de bolso? Todo ano era largamente distribuído pelos postos Esso.  
Então caríssimos/as... Como este espaço se dedica ao resgate de tudo aquilo que fica daquilo que não ficou. É com bastante pesar que afirmo: A famosa marca “Esso”, presente em vários postos de gasolina espalhados pelo Brasil a fora, está com os dias contados. É isso mesmo! A Esso vai desaparecer do mercado nacional. Não me perguntem quais os reais motivos dessa “barbárie” por que eu não sei. Apenas li que tem algo a ver com essas “fusões empresariais” e seus acordos multifacetados. Mas enfim, o fato é que os postos Esso deixarão de existir até meados de agosto de 2012 e que a rede Esso passará a usar a bandeira da Shell. Eu acho tudo isso muito engraçado, sabe? Pois jamais imaginei que os postos Esso - algum dia - iriam se unir aos postos Shell. Passei toda a minha infância rivalizando com meu irmão por causa desses postos e agora virou tudo uma coisa só. Eu era fã incondicional do Elefantinho da Shell e meu irmão era fascinado pelo Tigre da Esso... Portanto, nem queiram imaginar o tamanho da briga na hora de por gasolina no carro da família.
A marca ESSO chegou ao Brasil no ano de 1912. Ela foi desbravadora no que diz respeito à distribuição de produtos de petróleo, como a gasolina e o querosene, comercializados em tambores e latas. A Esso deixou muito bem marcada sua trajetória aqui no Brasil. Entre tantas outras iniciativas pioneiras, tivemos: a instalação das primeiras bombas de rua; a construção do primeiro vagão-tanque e do primeiro caminhão-tanque do país. Mas nem tudo foi tão lindo assim, sabe. Essa estória de gotinhas da Esso pra cá, Tigres da Esso pra lá e coisas e tal... Huuuum! Lembro que na década de 70 os postos de gasolina faziam parte de um controle de racionamento. Verdade! Combustível era caso de segurança nacional meu bem... Coisas dos Generais e seu regime “côco”. O governo mandava em tudo: definia o preço da gasolina, a quantidade a ser vendida e até o horário de funcionamento dos postos (só funcionavam até a meia noite da sexta feira)... Um inferno! E eu criança, sempre escutava falar que a culpa era de um tal de Arafat, que morava lá pras bandas das Arábias... Mas como sempre, os brasileiros davam um jeitinho de passar a perna nos Generais. Meu pai, por exemplo, estocava gasolina na mercearia para vender. Enchia os garrafões secos de vinho que sobravam da semana santa e negociava clandestinamente. Bem feito!
Eu sempre pensei que o Tigre da Esso tivesse colocado o Casal Gasolino pra correr. E somente depois, tinha se tornado o grande mascote da Esso. “Ledo engano” meu bem... O famoso Tigrão da marca ESSO surgiu no começo do século, por volta de 1900, lá pras bandas da Noruega. O problema é que o personagem símbolo da marca Esso atravessou duas Guerras Mundiais e – conseqüentemente - teve que sair de cena. Somente em meados da década de 50 é que o Tigrão da Esso reaparece na mídia.
No início da década de 60 o tigre se tornaria extremamente afamado, símbolo de potência, força e velocidade. Com essas características o Tigre reforçava o famoso slogan da época: "Ponha um Tigre no seu carro".  
O Tigre foi transformado em desenho animado e ganhou o mundo, sendo estampado em tudo que levasse a marca ESSO.
Este era mais um dos tantos brindes que recebiamos ao encher o tanque nos postos Esso.
No ano de 1975, as propagandas em revistas e jornais, e principalmente, nos comerciais de televisão, passaram a utilizar um tigre de verdade.
Até hoje os tigres infláveis ocupam os postos de serviço da rede.
Enfim, lá se foi a Esso. É mais uma marca que ficará na nossa lembrança... Deixou para sempre registros importantes na memória dos Brasileiros: Além dos mascotes (Casal Gasolino e o Tigrão), deixa o formato de um noticiário que se tornou padrão no Brasil - O Repórter Esso - Primeiro tele-jornal como ponto de referência da televisão brasileira. E mais, instituiu no Brasil o “Prêmio Esso de Jornalismo”, que já possui mais de cinqüenta anos de existência. Pois é, agora nos tornamos AS TESTEMUNHAS OCULARES DA HISTÓRIA vendo o fim da ESSO... E breve farei um post sobre o “Repórter Esso”.