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domingo, 30 de novembro de 2008

MEU TELEVISOR PRETO E BRANCO.

O nosso primeiro televisor foi da marca "Televisores RQ Emersom" e durou cerca de dez anos. E eu me lembro dele como se fosse hoje... Ah! Se me lembro. Como assim... Cores? controle remoto? Tela plana? TV plasma, LED e ou LCD ???  Nem em sonho. Rs!. Era "preto e branco" e todo revestido em madeira escura (minha mãe passava óleo de peroba na TV - pode!) e outra coisa, sua tecnologia avançadíssima resumia-se a quatro botões. Um para sintonizar o canal (que ia do 2 ao 13) , um para controlar o contraste ( esse ninguém podia mexer, só meu pai ) e os outros dois eram botões do horizontal e do vertical. Aqui pra nós... Pense numa coisa "medonha" o nosso televisor preto e branco. Um inferno! De uma hora para outra (exatamente na hora do meu seriado preferido: "Viagem ao Fundo Mar") a televisão resolvia enlouquecer e um montão de listras enormes começavam a passar de um lado para o outro na tela e eu, irritadíssimo, mexia em tudo quanto era botão (menos no botão do contraste) tentando fazer a imagem parar na tela. Primeiro, girava desvairadamente o botão da horizontal e depois, mais desvairadamente ainda, o do vertical. E de repente, não me pergunte como (talvez por obra do divino), a imagem se fixava na tela.

Em resumo, ter uma televisão "preto e branco" em casa no final da década de 60, e início da década de 70, era um verdadeiro teste de paciência, mas também, o maior divertimento que uma família podia ter na época. E tem mais, televisão em casa era sinal de status meu bem. Quem tinha era considerado rico e abastado. E todo mundo ficava sabendo quem possuía e quem não possuía aparelho de TV em casa. E aquelas pessoas que não possuíam televisão na época, corriam para as casas de quem as tinha. E era aquela farra... Uma verdadeira interação social. Lembro que no período da tarde, antes das 16:00 horas, estávamos eu e meu irmão Camilo ( devidamente tomados banho, penteados e perfumados ) em frente a televisão. E aos poucos iam chegando nossos amigos...  Quando a noite caía, era a vez das noveleiras de plantão. Nenhuma delas perdia um capítulo de "Sangue do meu Sangue"(1970), "Simplesmente Maria" (1970), "Nino, o Italianinho" (1970), "Vitória Bonelli" (1972). Enfim, toda noite era aquela festa lá em casa... Mas nem tudo era um mar de rosas assim nãããão!!! Caríssimos, imaginem todas essas mulheres reunidas diante de uma TV esperando o último capítulo da novela "Meu pé de Laranja lima"(1971) e de repente: Ai meu Deuuuuus!!! FALTOU ENERGIA ... ( prestava não.) Parecia que o mundo ia acabar naquela noite mesmo... Nem queiram imaginar o que aconteceu no final. Até para mim sobrou : Fiquei de castigo ( pode?). Só porque "vibrei horrores" e disse que adorava quando faltava energia. Ninguém me entendeu... Eu adorava o escuro porque era ótimo pra vaga-lumes... Bom, mas essa é uma outra estória. Só sei de uma coisa: Dessa vez o meu televisor preto e branco não teve nada com isso. Só mais uma coisinha... Porque será que nunca existiu o canal 1 ? Eu achava (quando criança) que o canal 1 era exclusivo do presidente da república. Em tempos de ditadura, sabe-se lá ? Bem, alguém sabe?.


3 comentários:

Linda Simões disse...

Dhotta,querido!

Sua memória é fantástica!A abertura de Mulheres de Areia é linda,seu blog é lindo,me sinto lisonjeada com "suas" Catrevagens...É como se tivesse um filme passando em minha mente...Amei!!!!

Obrigada por fazer parte da minha história de vida.Vc e sua família toda.

Um grande abraço e que todos os Anos vindouros sejam de paz e harmonia.

Anônimo disse...

voce esqueceu de mim,Lembro também desta sua tv, viu, quantas vezes fui a sua casa assitir a novela, era uma festa!!!!
adorei seu blog, estou fazendo uma visita ao passado com suas lembranças,beijos.

Nadja disse...

O primeiro aparelho de televisão que apareceu na minha casa era igualzinho da ilustração.
Todos eram assim, não é?
Um caixote de madeira onde nossa mãe ou a empregada lustrava dia e noite...rs
Um belo dia, me lembro que do nada o televisor pegou fogo! Houve um estrondo e foi uma correria danada para apagar a chama e uma choradeira sem fim pela perda daquela jóia valiosa, bem no início da década de 60.
Depois dele, meu pai adquiriu outros televisores sem muita sorte.
A coisa pifava logo, logo.
Sem entender nada, arrumaram um bode expiatório. Who's?
Me!
'Coitada d'eu!' Pobre criança inocente que não mexia em nada ainda assim era culpada de tantas desgraças...
"Essa menina tem muita energia..." - diziam.
Vai saber?
Menina Poltergeist.