QUE BICHO-PAPÃO QUE NADA!! EU TINHA MEDO MESMO ERA DO PAPA-FIGO.
Sempre escutei falar que Bicho-Papão era um "monstro horroroso" e que tal "criatura abominável" se escondia no quarto de todas as crianças desobedientes... Dentro do guarda-roupa, das gavetas e principalmente debaixo da cama para assustá-las no meio da noite. E mais ainda, caso as crianças continuassem mal educadas seriam colocadas dentro de um saco para se fazer sabão delas (medonho isso! Logo sabão... nunca entendi o porquê). Na verdade, eu não tinha tanto medo assim do Bicho-Papão. Tinha medo mesmo era do Papa-Figo (cruzcredocruzcredo!!!)....
Segundo meu avô Albino, o Papa-Figo era um velho esquisito que carregava um saco enorme nas costas e sofria de uma doença raríssima e sem cura. O sintoma dessa doença seria o crescimento anormal e contínuo de suas orelhas. E o pior de tudo, para que as orelhas parassem de crescer, o Papa-Figo precisava comer o fígado de uma criança (e eu sempre achava que seria o meu). Esclarecendo que na época, eu nem sabia que tipo de órgão era o "figo", mas tudo bem. Já era suficientemente pavoroso pra mim saber que tinha "um" dentro do "meu bucho" e que seria arrancado (rs!). Após a extração do fígado, o "véio do ureião" costumava deixar junto da vítima uma grande quantia em dinheiro, que era para o enterro e também para compensar a família. Não sei porque, mas sempre achei que seu Zé Costa Grande, o bicheiro amigo de meu avô e pai de Tonho (amigo de infância) era um Papa-Figo. Acho que era por isso que eu e meu irmão fomos tão amigos de Tonho ( pois eu ainda acho que não se come o "figo" dos amigos do filho de um papa-figo, creia!). Bom, mas não era somente o Bicho–Papão e o Papa-Figo que me metiam medo. Tinha também, a besta-fera, mula-sem-cabeça, saci-pererê (minha irmã que tinha medo. Eu não! Queria era ser amigo dele, isso sim!), cuca, a mulher da meia noite, lobisomem, boi da cara-preta, perna cabeluda entre tantos... E finalmente, tive muito medo dos insanos e/ou inocentes a quem adultos, pais e/ou responsáveis se utilizaram (na época) para amedrontar não somente a mim, mas a todas as crianças de minha terra quando infringiam ordens, diretrizes ou conselhos dos mais velhos, tipo: "Vai entrar não né?, lá vem Dasdores doida pra te pegar..." ( por falar nisso, levei muita "carreira" dela) ; "É pra comer tudo viu, se não vou chamar João Prancha já, já...pra comer com você"; "Cooooorre Dhotta, coooorre... Lá vem Vilani doida atrás de tu..." (e como eu corria!). Lembro com carinho de todas essas pessoas de minha terra que hoje são lendas e que se fizeram "monstros engraçados" na boca dos adultos e na inquietude dos meus (nossos) medos infantis.
3 comentários:
Dhotta!
Estou me vendo nas tuas memórias!!!Era mesmo assim!KKK!!Parabéns por definir tão bem o que vivemos naquela época.
Belíssimo Blog!E o título então!!!...
Olá!! navegando á procura de coisas passadas encontrei este Blog
Eu estou encantada, pois me vi escrevendo tudo isso!
Como você define bem tudo que eu vivi
Pareçe até que sou eu que escrevi.
Parabéns!!
Ainda bem que existem pessoas pareçidas comigo meu Deus!
Valéria, João pessoa PB
parabens!!!
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