Posso
até estar errado... Mas eu acho que essa “Caixinha Amarela” se tornou mais conhecida do que a própria “Caixa de Pandora”... Falo sério! Qual o ser vivente
que nunca esbarrou os olhos numa caixa de Maizena? Ela se faz presente ao redor
do mundo há mais de 150 anos. É um produto que se mantém fiel a sua cor de
origem: O tradicional amarelo. Portanto, o único produto que NÃO amarelou com o
tempo. Mas enfim... Gerações e gerações foram alimentadas com papas, mingaus,
biscoitos, doces e molhos à base dessa farinha feita do amido de milho. Bem
como, vestiram calças, saias e camisas engomadas com maizena. Isso sem falar
nos banhos de imersão femininos à base (também!) de maizena meu bem... De tão popular,
se tornou versátil. Simples assim... E sem falar que é um passaporte (direto!)
para as reminiscências do nosso passado!
A Maizena
surgiu nos Estados Unidos no ano de 1856. O fato aconteceu mais ou menos
assim... O Sr. Wright Duryea - ex-funcionário de uma empresa pioneira na
fabricação do amido de milho - resolveu abrir seu próprio negócio e colocou toda
a família pra trabalhar. A partir de então aumentou seu negócio e criou a
Companhia Produtora de Amido de Milho - Duryea. O carro-chefe do novo
empreendimento seria o que??? A Maizena, lógico!!! Um amido para uso doméstico
- inclusive, culinário - porque na época, o produto ainda era mais popular na
lavanderia. Isso mesmo que vocês acabaram de ler... Por incrível que pareça - nesta época - a
Maizena era largamente utilizada nos tanques de roupas e/ou nas tábuas de
passar, do que propriamente na cozinha. Vixe! Mas enfim, a tal
caixinha amarela fez tanto sucesso entre as donas-de-casa (falo das americanas,
tá) que chegou a ganhar alguns prêmios de qualidade. Mas somente em 1859 é que
começou a ser exportada para a Europa.
Os
famosos “banhos de imersão” que minha avó materna tanto falava... E num é que era
verdade! Ela vivia dizendo para minhas irmãs que toda mulher devia tomar um banho
assim... Pelo menos uma vez por mês. Bastava colocar essência de rosas, bastante
chá de camomila, cinco colheres de álcool canforado, rosas brancas, flor de
maracujá e uma xícara de Maizena. Pronto! Daí a mulher sairia do banho uma
outra mulher... Se minha saudosa avó não tivesse sido uma senhora tão católica,
eu diria que esse banho era coisa pra descarrego... Bom! Vocês entenderam que a Maizena
tava na receita, né?
MAIZENA
vem da palavra “maíz”, que significa “milho” em espanhol. Embora cada região
das Américas adotasse um nome para o cereal, o termo empregado pelas tribos “sioux”
e “iroquês”, habitantes do sul dos Estados Unidos de hoje, foi o preferido pela
Espanha para designar as espigas levadas por Cristóvão Colombo. A mesma
inspiração seria usada na embalagem de Maizena... Se você olhar bem pra
caixinha amarela vai ver na ilustração (feita com caneta bico de pena) uma
tribo norte-americana colhendo milho e extraindo o amido. Bem interessante...
A Maizena chegou ao Brasil no ano de 1874, só que produzida nos Estados
Unidos e embalada no Brasil. A novidade já chegou anunciando suas
qualidades e propagando aos quatro ventos sua faceta multiuso. Servia para
engrossar caldos, dava um bom mingau, substituía a farinha de trigo no preparo
de bolos e deixava as camisas perfeitas.
Somente
na década de 30 é que a Maizena começou a ser produzida no Brasil. A primeira fábrica
da Duryea foi construída em São Paulo. E como o sucesso da marca já era algo garantido, a
empresa só precisava agora incentivar as padarias e os fabricantes de biscoitos
a desenvolverem receitas de bolos, bolachas, biscoitos e etc... Tudo isso utilizando
a Maizena ao invés da farinha de trigo, claro. A popularização das receitas deu
bastante certo e uma das invenções caiu nas graças do povão: O biscoito Maizena.
Isso mesmo! Aquele biscoito leve e crocante. Mas a democratização escancarada
das “Receitas Maizena” fugiu ao controle e o biscoitinho começou a ser produzido
pelos quatro cantos do país – inclusive – sem a Maizena original entre os ingredientes.
É por isso que toda e qualquer fábrica de biscoitos produz os deliciosos
biscoitos Maisena. Agora entendi. Há, há, há...
A verdadeira consolidação da Maizena como alimento infantil - aqui no Brasil - se dá nas
décadas seguintes... É nesse período que a Cremogema (1957) é lançada. A
cremogema pertence ao mesmo grupo.
Anúncio da década de 50.
Engraçado!
Cansei de ver esses anúncios nas revistas de grande circulação do país. Com a política
de democratização das “Receitas Maizena”, as donas de casa faziam de um tudo
para não perder os lançamentos dos cadernos de receitas. Bastava apenas
preencher os cupons e enviar para o endereço contido no anúncio... Minha mãe e
minhas tias não perdiam um lançamento. Nossa! Quantos dias felizes degustando
as receitas Maizena...
E aí gente? Ninguém vai preencher o cupom a cima não é? É grátis sabia...
Este foi um dos primeiros livros: "Receitas de Cosinha com a celebre farinha de Maizena Duryea". Legal isso né não?
Livros
e revistas de receitas, calendários e cartelas com pratos rápidos lançados ao
longo das décadas de 60, 70 e 80 tentavam disseminar novos cardápios, nos quais
Maizena era o ingrediente principal. E a Maizena
entrou definitivamente nos cardápios de restaurantes, nos livros de culinária de grandes chefs e nas receitas
passadas de mãe para filha, vizinha a vizinha, geração a geração.
Essas publicações viraram artigos de coleção.
Minha
imaginação ia looooonge ao contemplar os anúncios ilustrados com imagens de
tortas deliciosas, bolos absurdamente enfeitados, ensopados e sobremesas
diversas... Até hoje minhas papilas gustativas se ouriçam ao ver essas receitas
antigas.
Anúncio da década de 50.
Sabatinas Maizena! Era um
programa educativo, patrocinado pela Maizena, é claro. E com a participação de
vários alunos de colégios diferentes, que respondiam a questões escolares. Ao final de
cada ano o programa convidava professores e diretores das escolas que
participaram do infantil, para
premiarem os alunos que mais se destacaram. Ao lado de Gincana Kibon, o Sabatinas
Maizena foi o grande
sucesso infantil da época, tendo
Heitor de Andrade como produtor e apresentador.
Anúncio da década de 50.
Anúncio da década de 60.
Anúncio da década de 60.
Anúncio da década de 70.
Anúncio da década de 70.
Anúncio da década de 70.
Ao
longo desses 150 anos a tradicional caixinha de Maizena sofreu poucas mudanças.
Somente no ano de 2005 é que a marca alterou sua clássica embalagem: Mudou a
letra do nome Maizena e acrescentou um grande coração amarelo estilizado. Mas a
conhecida cena dos índios “Sioux” extraindo amido do milho permaneceu. Ainda
bem! Pois gosto muito das embalagens que conservam suas características tradicionais.
Atualmente a Maizena continua sendo sinônimo de amido de milho, bem como, fazendo
a festa na casa de muita gente espalhada pelo mundo a fora.
9 comentários:
Me inspirando em sua excelente postagem, acabei de fazer um pavê de chocolate usando Maizena ehehe
Abraços!
Marcos, como sempre, uma postagem espetacular. Parabéns!
O engraçado sobre a receita para banhos de sua avó é que, hoje em dia, as mulheres se utilizam desses banhos, em SPAs, pagando uma nota.
Abração.
fui criado com mingau de Maizena e até hoje adooooro ... principalmente com canela em pó por cima ... uuummmm
bjão
Oi Dhotta, pelo visto você veio com tudo neste ano. Que bom! Acho esse seu trabalho aqui no Blog uma coisa espetacular. Sinto-me uma pessoa de sorte em ter descoberto seu Blog. Você nos oferece sempre passagens para retornamos às alegrias da nossa infância. Adoro e recomendo aos amigos. Talvez seja desnecessário dizer que adorei também esse post sobre a MAIZENA. Muito completo e agradavel de ler. Fico pensando como essas marcas tiveram a capacidade de se fixar tanto na nossa mente a ponto de quando nos referimos ao produto chamamos apenas pela marca, tipo: - Vou comprar MAIZENA, BOMBRIL, OMO, LEITE DE ROSAS, NESCAFÉ, ÁGUA MARILENA (aqui no nordeste, para água sanitária)e etc. Um beijo grande, meu querido. Espero a sua adorável visita também no meu Blog e aguardo os seus sábios comentários para enriquecer às reflexões colocadas lá. Até lá.
que lindas imagens!!!
vou procurar em meu arquivo e enviar-lhe algumas em breve caso queira aumentar o banco de fotos hihih
ahh esqueci de mencionar que tenho alguns calendários anos 70 / 80 que trocavamos pela tampa da embalagem...
estavam guardados na gaveta de minha mãe...e claro srsrsr peguei-os para mim
Adorei ver isso e tantas informações. pena que nossa querida maizena agora é feita com milho transgênico... E acrescentou, corretamente, essa indicação na caixinha amarela.
BELA POSTAGEM.
LEMBREI QUE ELA É NETA DA "VÉIA QUACKER";-))
ABRAÇÃO
JAN
que aula!!!! obrigada...bjsss
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